Raphael Varane

Com três títulos de La Liga, quatro troféus da Liga dos Campeões, uma medalha de campeão do mundo e muitas outras premiações no seu currículo, é fácil esquecer que o zagueiro tem 31 anos.

Mas Varane sempre foi mais experiente do que a sua idade. Nascido em abril de 1993, ele assinou o seu primeiro contrato profissional com o Lens logo após completar 17 anos, depois de uma temporada impressionante jogando com companheiros mais velhos na categoria sub-19.

O técnico do Lens, Jean-Guy Wallemme, ficou tão convencido do talento do seu jovem pupilo que, diante de uma crise de lesões na defesa, escalou Varane como titular no confronto com o Montpellier em novembro de 2010.

A temporada terminou em rebaixamento, mas os principais clubes da Europa já haviam sido alertados para o potencial do jovem jogador, que disputou 23 partidas na primeira divisão e mostrou capacidade de liderança ao ser o capitão da equipe no último jogo.

Sir Alex Ferguson, que procurava um substituto a longo prazo para Rio Ferdinand e Nemanja Vidic, estava muito interessado e, de acordo com o seu livro, o nosso lendário chefe envolveu-se pessoalmente nas negociações, apenas para que o Real Madrid e o novo diretor desportivo Zinedine Zidane interviessem.

Atencioso e estudioso – ele supostamente pediu a Zidane que lhe ligasse de volta mais tarde, pois estava se preparando para suas provas de economia – Varane chegou ao clube do Bernabéu no final de junho, iniciando uma ligação de 10 anos em que foi, em grande parte, o cerne de uma das equipes mais vitoriosas do clube espanhol.

Depois de ter sido um jogador de pouca importância no sucesso da La Liga 2011/12, o francês rapidamente se estabeleceu como zagueiro titular ao lado de Sergio Ramos, impressionando na Europa a tal ponto que, em 2013, foi nomeado pelo Marca como o “melhor jogador estrangeiro de todos os tempos do Real Madrid”, apesar de ter jogado menos de 50 jogos.

As acusações de que esses elogios eram prematuros foram postas de lado um ano mais tarde, quando Varane ajudou os Los Blancos a conquistar a lendária “La Decima” – um décimo triunfo na Liga dos Campeões – ao derrotarem dramaticamente os rivais da cidade, o Atlético de Madrid, em Lisboa.

Aos 21 anos, Varane praticamente completou o conjunto de grandes troféus do clube com a conquista do Campeonato do Mundo de Clubes no final desse mês, mas ainda havia mais para vir, especialmente depois de Zidane ter substituído Rafa Benítez no comando do Bernabéu em janeiro de 2016.

Raphael não participou no triunfo seguinte da Liga dos Campeões, no final desse ano, devido a uma lesão, mas voltou a ser um elemento fundamental da equipe quando o Real se tornou o primeiro clube desde o Bayern de Munique, na década de 1970, a ganhar três Taças dos Campeões Europeus consecutivas, com novos êxitos em 2017 e 2018.

Zidane, que também tinha conquistado a La Liga com o seu antigo clube em 2017, anunciou a sua saída após esse feito, que culminou com uma má campanha em 2018/19, mas regressou para ser o comandante de mais um título, com Varane sendo o coração de uma equipe experiente ao lado de jogadores como Ramos, Karim Benzema e Toni Kroos.

Pouco mais de 10 anos depois de ter deixado a França, Varane deixa o Real Madrid como um dos jogadores estrangeiros mais condecorados da história do clube, mas também como um dos melhores defensores franceses, ao lado de Laurent Blanc, Marcel Desailly e Lilian Thuram.

Com passagens por várias seleções de base, ele estreou com a camisa dos Bleus em 2013 e disputou a Copa do Mundo no ano seguinte, quando foi um dos três finalistas ao prêmio de Melhor Jogador Jovem da competição.

O jogador mais jovem a capitanear a França em 104 anos, uma lesão o fez perder a corrida para a final da Euro 2016 em casa, mas ele mais do que compensou isso dois anos depois na Rússia.

A equipe de Didier Deschamps sagrou-se campeã do mundo, com Varane jogando todos os minutos do torneio e marcando o primeiro gol da vitória sobre o Uruguai nas quartas de final.

No Real, ele chamou a atenção principalmente pelas suas atuações nas fases finais da Liga dos Campeões, com os Blancos chegando às semifinais em todas as suas temporadas, com exceção de duas. Mas Cristiano Ronaldo e Ramos eram geralmente os protagonistas, e Varane se contentava em fazer as coisas com tranquilidade.

“Alto e atlético, Varane tem uma presença, uma autoridade discreta”, escreveu o especialista em futebol espanhol Sid Lowe. “Mas não é exatamente o mais barulhento no vestiário, nem imediatamente carismático ou extravagante, ele não exige atenção, dentro ou fora do campo. Ele apenas joga: regularmente por uma década no lugar mais implacável, lembre-se.”

Revelado no gramado antes da vitória do United por 5 a 1 sobre o Leeds em agosto de 2021, Varane fez sua estreia no Reds duas semanas depois, em Molineux. Depois de sua primeira aparição no United, o francês passou a atuar 29 vezes pelos Reds em sua temporada de estreia.

A primeira temporada de Varane foi interrompida por lesões, forçando o zagueiro central a perder 16 partidas em todas as competições. No entanto, quando estava em forma, o francês esbanjava classe, conseguindo marcar seu primeiro gol pelo United em sua temporada de estreia, chutando de voleio para o gol após um escanteio na vitória por 3 a 0 sobre o Brentford em maio.

O zagueiro se aposentou do futebol de seleções logo depois de perder a final da Copa do Mundo de 2022 com a França para a Argentina, mas acrescentou a primeira peça de prata do United à sua significativa sala de troféus em fevereiro de 2023, quando os Reds venceram o Newcastle United por 2 a 0 na final da Copa Carabao em Wembley.