Você tem que ter um raro e especial talento no futebol para impressionar o grande Sir Bobby Charlton. A lenda do United resumiu Paul Scholes perfeitamente: “Ele está sempre no controle e é apuradíssimo em seus passes – um jogador bonito de se ver.”
Parte da nova onda de talento que surgiu com Beckham, Giggs, Butt e os irmãos Neville no meio dos anos 90, Scholes, nascido em Salford, marcou duas vezes em sua estréia na League Cup em Port Vale, 1994/95 – e também em sua primeira partida na liga contra o Ipswich – e nunca mais olhou para trás.
Com algumas temporadas de sonho em Old Trafford, incluindo a campanha de dois títulos em 1995/96, em que apareceu muito bem quando Eric Cantona foi suspenso, terminando em segundo, atrás do francês, na tabela de artilheiros com 14 gols; foi um dos pilares da campanha com 3 títulos em 1999 (Treble), embora teve que cumprir suspensão na final da UEFA Champions League; e no título da Premier League em 2002/2003, com seus 20 gols.
Limpo e compacto, um passe fora de hora de Scholes era uma das melhores visões no futebol. Seu olho clínico e arrancadas com a bola também serviram a seu país por 66 vezes.
Um problema no olho deixou o mágico do meio campo fora de ação por uma grande parte de 2005/06, mas ele acelerou de volta aos campos na temporada vitoriosa de 2006/07, com um papel chave na conquista da Premier League. Seus melhores momentos pessoais foram o gol que abriu o placar na vitória por 2-0 contra o Liverpool em outubro de 2006, e um voleio do mais alto calibre na vitória sobre o Aston Villa por 3-0 dois meses depois, que o fez levar o prêmio de Gol da Temporada, na cerimônia anual do clube.
Sua contribuição em 2006/07 foi reconhecido pelos jogadores e também pela imprensa – ele terminou em terceiro na eleição da PFA de Jogador do Ano e quarto no da Football Writers – ambos foram ganhos pelo companheiro Cristiano Ronaldo.
A boa forma de Scholes continuo na temporada seguinte ao ajudar os Reds em uma gloriosa campanha com dois títulos, e finalmente enterrou seu fantasma da UEFA Champions League de 99 com um fabuloso chute contra o Barcelona em abril de 2008, garantindo o lugar do United na final em Moscou.
Começando como titular os quatro primeiro jogos da Premier League de 08/09, Scholes ficou de fora por dois meses depois de contundir o ligamento em uma vitória em Aalborg. Quando voltou para o período de festas, Sir Alex falou: “É como ter um jogador extra.” O forte jogador dos Reds parecia mais influente que nunca, e quando não iniciava um jogo, geralmente entrava no ritmo do jogo e ajudava a ganhar os jogos difíceis. Seu gol abrindo o placar de 3-0 contra o Fulham em fevereiro de 2009 – um jogo que ele dominou – provou que ele não tinha perdido sua habilidade mortal de marcar de alguma distância. O escanteio de Carrick achou Scholes em uma posição familiar na cabeça da área, e ele esqueceu dos anos para acertar um voleio de 22 metros que foi simplesmente muito quente para Mark Schwarzer segurar. Ele seguiu com uma cabeçada certeira em Sunderland em abril de 2009, e em seu 600º jogo pelos Reds, deu uma aula de retenção de bola contra o Portsmouth dez dias depois. No final, trouxe sua nona medalha com o tricampeonato inglês. Com isso ganhou uma extensão de um ano em seu contrato em abril de 2009, até junho de 2011.
Enquanto Scholes questionava sua própria contribuição ao United no meio da campanha de 2009/10, ele seguiu mostrando que se mantinha como uma importante engrenagem na máquina dos Reds, graças a algumas performances mágicas. Seu hábito de marcar gols importantes certamente não o tinha deixado também – pergunte ao Manchester City. Suas finalizações contra os Blues, Besiktas e Wolves (seu 100º gol na Premier League) foram todos os gols da vitória, e sua contribuição contra o Milan em San Siro e o City na Carling Cup foram mais provas que grandes jogadores aparecem nas grandes ocasiões.
Scholes tinha ainda mais uma temporada vitoriosa, embora ele tenha marcado apenas um gol durante essa temporada de 2010/11, na casa do Fulham. Foi seu 150º e último gol pelos Reds, enquanto que sua última aparição foi como um substituto na derrota na final da UEFA Champions League em Wembley, contra o Barcelona. Se aposentou com incríveis 676 jogos, deixando apenas 3 lendas em sua frente na lista de todos os tempos – Bill Foulkes (688), Sir Bobby Charlton (758) e Ryan Giggs (876 no final de 2010/11).
Scholes anunciou sua aposentadoria três dias depois da final em Wembley de uma maneira tipicamente discreta – sem entrevistas, burburinho, somente uma declaração no ManUtd.com confirmando sua decisão de parar de jogar e começar a carreira de treinador no United. A perda nos vestiário certamente será um ganho no banco.