A lenda de Duncan Edwards levou pouco tempo para ser construída mas, enquanto os homens se juntarem para jogar futebol, ela não morrerá. Duncan era um titã do futebol, um fenômeno raro que apareceu como um trovão na Primeira Divisão no começo dos anos 50 e foi arrebatado daqui somente cinco anos depois, deixando o mundo do futebol dolorido por aquilo que ele poderia ter sido.
Duncan Edwards foi até aquele ponto um ser mítico, um jogador completo. Não havia nada que podia ser feito no campo de futebol que aquele pequeno gigante não fazia melhor que todo o resto. Seu controle de bola com ambos os pés era maestroso; seu passe e marcação eram exemplares; seu chute era impressionante em força e precisão; pelo alto ele era o rei; sua leitura do jogo era assustadora de tão madura. O catálogo de seus atributos era longo.
E isso era só uma parte. Havia também sua bravura, lealdade e dedicação, e – talvez o mais crucial de tudo – um temperamento que garantia que ele nunca desperdiçaria seus talentos que lhe foram dados.
Desde o momento que ele chegou em Old Trafford, não havia dúvidas de que Duncan iria ser especial. Ele sabia disso, mas não era alguém que iria relaxar e deixar tudo acontecer. Sua devoção ao jogo beirava o fanatismo e ele geralmente treinava até a bola ser tirada dele.
A maior parte de seus jogos pelo United eram no meio-campo, uma posição em que ele emprestava sua dominância na marcação para a defesa e também podia atacar ferozmente em todas as oportunidades. Os zagueiros pareciam saltar para longe dele quando ele começava suas arrancadas, uma força aparentemente imparável. Seu último jogo no campeonato, uma vitória épica dos Reds contra o Arsenal em Highbury, viu um de seus típicos chutes quando ele chegou na risca da área para arrematar um passe de Dennis Viollet para o gol de Jack Kelsey.
É uma prova de seu nível que respeitáveis analistas que viram homens como Best, Law e Charlton no seu ápice, colocarem Duncan no nível deles. Como Bobby Charlton uma vez disse: “Se eu tivesse que jogar pela minha vida, e pudesse levar um homem comigo, seria Duncan Edwards.”
Quando ele morreu em Munique – depois de corajosas duas semanas lutando pela sua vida, em que brincou com Jimmy Murphy sobre estar apto a jogar o próximo jogo – ele tinha ganho dois títulos e jogado 18 vezes pela Inglaterra. Ele tinha apenas 21 anos, seu vasto potencial nem tinha aparecido completamente. Aqueles que o viram jogar vão guardar para sempre na memória. Não verão mais algo parecido com o que viram nunca mais.