Quando Ron Atkinson contratou Frank Stapleton do Arsenal em agosto de 1981 – depois de duras negociações que foram parar no tribunal – ele descreveu sua contratação de 900.000 libras como o melhor centro-avante da Europa. E Frank tinha grandes qualidades, mas pelo menos no retrospecto, a montanha de elogios de Ron pareciam um pouco demais. Afinal, nos 6 anos em Old Trafford, o irlandês nunca passou dos 14 gols por temporada, embora fosse verdade que o jogo dele era mais do que só dar o toque final para o gol.
Ele era um majestoso líder no campo, sempre bem atento ao que acontecia ao seu lado. Seu talento sutil, que envolvia tirar os zagueiros de suas posições e criar situações perigosas para seus companheiros com delicados toques e tapas na bola, não é um tão chamativo mas – certamente para o grau de excelência atribuído por Frank – era realmente raro.
Seu controle era impecável com ambos os pés e ele possuía um chuto poderoso, mas provavelmente era seu poder e tempo de bola no ar que ele será mais lembrado. Ele não era muito produtivo, mas os melhores gols de Frank – sua cabeçada simples, embora primorosa, no empate fora de casa com o Dukla Prague em 1983 é um grande exemplo – eram para serem saboreados. Contra tudo isso, ele não tinha um ritmo muito bom, e não era o centro-avante mais mortal do jogo, perdendo chances bobas.
Um indivíduo calmo e de sangue-frio, nunca alguém que cedia às atitudes dos jovens, Frank era totalmente dedicado em sua preparação e oferecia um impressionante nível de consistência.
Aquela perfeita dedicação profissional impressionava os treinadores do United desde o começo dos anos 70, quando o alto Dubliner estava nos livros do clube como um “garoto de escola”, mas lhe foi permitido sair para o Arsenal e o balanço financeiro em Old Trafford sofreu de acordo. Em 1979 houve um preço a pagar no campo também, quando Frank mostrou uma das suas melhores performances pelo Arsenal na final da FA Cup, marcando um dos gols que venceram os Red Devils. Claro, quatro anos depois ele igualou a balança, contribuindo com um gol de empate no primeiro encontro com o Brighton em Wembley, e se tornando o primeiro homem a marcar por clubes diferentes em duas finais de FA Cup.
Já no fim de sua carreira no United, haviam especulações que ele poderia se tornar um zagueiro central – em emergências ele havia jogado bem nessa posição em duas finais – mas provavelmente era um pensamento surreal, e em julho de 1987 ele foi liberado para acertar com o Ajax de Amsterdã.
Um período desconfortável de contusões se seguiu, depois mudanças para quatro clubes ingleses e um francês antes de Frank se mudar para ser técnico-jogador do Bradford City, para ser demitido depois de não conseguir chegar aos playoffs da Segunda divisão por pouco.