Em seus dias de ‘Diabo Vermelho’, uma aura competitiva de um drama iminente cercava Mark Hughes. Todas as vezes que ele entrava em um campo de futebol, levava consigo a promessa de ações turbulentas. Freqüentemente, essas ações tomavam a forma de um gol, invariavelmente de variedade atraente, do tipo que se embeleza na memória daqueles privilegiados que presenciaram-na; ocasionalmente, seu lado negro era evidente, quando nuvens negras se juntavam em sua sobrancelha, e aquele fogo celta inflamava. Mesmo em dias menos movimentados, havia um emocionante teste de força com os defensores, uma exibição de jogadas de um centroavante que misturava poder com a sutileza de maneira única nesse moderno jogo. Gostassem dele ou não – e ele tinha seus críticos – não havia dúvidas das qualidades do ‘Sparky’.
Quando o Galês surgiu como a estrela dos atacantes em abundância do United em 1984/85 – reivindicando seu lugar no lugar de Alan Brazil e Norman Whiteside, e marcando 25 gols em competições profissionais – um brilho de de contentamento coletivo irradiou de Stretford End. Prematuro, talvez, mas a legião dos Reds, dolorosamente debilitados pelas façanhas de Kenny Dalglish, Ian Rush e companhia, perceberam que eles tinham um herói para destruir os dragões de Anfield.
Os primeiros meses da temporada seguinte nada fizeram para desiludi-los. Mark, um talento das categorias de base do clube, assinou um contrato de cinco anos e disparou 10 gols em 13 jogos, enquanto o United abria 10 pontos na liderança na disputa do título. Mas a paz foi aniquilada quando pontos começaram a ser perdidos e foi anunciado que Hughes iria se juntar ao Barcelona por aproximadamente 2 milhões de libras. Fãs irados acusaram a diretoria de Old Trafford de traição, e algumas desagradáveis trocas de gentilezas foram feitas, ilustrando claramente sua consideração com o “matador”. Com uma disposição similar, quando ele retornou dois anos depois por 1,6 milhões de libras, ele foi adotado novamente como seu filho favorito. Mark foi o reforço que os fãs queriam acima de todos os outros e quando ele chegou, não os desapontou.
‘Sparky’ combinou o carisma com uma rara e vasta variedade de talentos, dos quais, discutivelmente, o mais importante – ocultando até mesmo os mais temidos figurões do futebol Britânico – era o controle de bola e os músculos de touro que permitiam que ele mantivesse a posse de bola contra qualquer jogador que viesse tomá-la. Isso o tornou o foco físico do rápido ataque dos Reds, permitindo que seus companheiros jogassem a bola para ele, sabendo que ele conseguiria mantê-la segura enquanto eles corriam para novas posições. Ela passava com precisão também, geralmente mostrando uma visão de longa distância comparável a um meia, provocando alguns observadores ocasionalmente com uma negligente enfiada curta.
Alguns “dedos-duro” afirmavam que era difícil jogar ao seu lado porque ele segurava muito a bola, que ele passava muito tempo jogando de costas para o gol, que ele desperdiçava chances simples, que ele já era velho o suficiente para controlar seu temperamento; mas tudo isso foi enfraquecido ante uma verdadeira montanha de aclamação. Seus colegas faziam filas para elogiá-lo – foi eleito pelos jogadores o Jogador do Ano em 1989 e 1991 – e os fãs babavam com aqueles fantásticos gols. São muitos para listar, mas os favoritos deste autor incluem o gol sem ângulo contra o Barcelona na final da já extinta Copa Cup Winners, o chute com curva de 25 jardas feito em casa contra o Manchester City, com se fosse uma resposta contra a especulação de seu lugar no time com a contratação de Eric Cantona no fim de 1992, e o voleio no ultimo instante para igualar o placar contra o Oldham na semi-final da FA Cup de 1994. Durante aquela campanha, no seu aniversário de 31 anos, Mark Hughes atingiu novos níveis de excelência no futebol ao lado do francês, e foi mais decisivo do que nunca para o estilo de contra-ataque do United. Claro, tudo isso não poderia ser para sempre, e no verão de 1995, lhe foi permitido partir – prematuramente, de acordo com alguns observadores, que duvidavam da qualidade de Andy Cole como seu substituto – para o Chelsea numa transação de 1,5 milhões de libras.
De volta a Old Trafford, embora o último trovão já explodiu e a última dividida já foi dada, ‘Sparky’ ainda é celebrado. Poucos Reds deixaram para trás um grande poço de memórias emocionantes.